"Minha vida é um litro abertis..." |
Por Jotha Santos
Têm coisas na vida que me deixam irritado, como escrever algo e ser mal interpretado. Assim, meus caros leitores (que na verdade quase não existem, mas eu finjo que tenho centenas de milhares deles), vocês podem até perguntar:
Têm coisas na vida que me deixam irritado, como escrever algo e ser mal interpretado. Assim, meus caros leitores (que na verdade quase não existem, mas eu finjo que tenho centenas de milhares deles), vocês podem até perguntar:
- Mas do que esse cara está falando
se ninguém lê o que ele escreve?
Acreditem. Algumas pessoas leram as bobagens que escrevo
e me censuraram com interpretações estapafúrdias, esdrúxulas, tresloucadas e
estrambóticas de um de meus humildes textos. Por um lado eu fiquei feliz,
claro. Afinal, alguém leu. O problema é que não souberam interpretar e deram uma
dimensão apocalíptica para as minhas palavras, condizente com os relatos do
apóstolo João em seu livro das revelações e as batalhas do Armagedom. Só que eu
não me senti como o anjo Gabriel mandando espadada em demônio de sete cabeças,
mas como o próprio Judas, pego de calças curtas com um punhado de moedinhas de
prata nas mãos.
Eu não sei como eram os “porões
da Ditadura”, mas me senti em um deles por alguns minutos. É. Isso mesmo. Só
por uns míseros minutos. Até por isso não vou entrar em muitos detalhes
freudianos sobre o “aconticido”, como diria o bom mineiro. Não posso perder preciosas linhas de sabedoria de boteco com esse
tipo de situação, uma vez que grande parte do que escrevo (a maioria, por
sinal), é pura bobagem. Gosto de usar esse espaço para refletir sobre as
banalidades da vida. Coisas simples como a mosca de banheiro, as garrafas de
Coca-Cola, os sentidos do Natal e os esbarrões da vida. Tudo bem que, entre uma
coisinha ou outra, até tem alguma tralhada interessante ou importante, mas
nenhuma das minhas ponderações servem de metralhadora giratória contra o
caráter, a honra e a dignidade de ninguém. Pelo contrário. O único esculachado aqui sou eu mesmo. São apenas palavras... apenas palavras!
Embora alguém possa afirmar que
sim, não tenho a intenção de usar
mensagens subliminares, indiretas, artimanhas jornalísticas, Teorias da
Comunicação (e da conspiração), pretextos, estratagemas ou evasivas para
justificar algo. Apesar de ser a personificação do fracasso, isso não significa
que tento explicá-lo através de meus textos, até porque, seu eu tentasse,
provavelmente fracassaria também. Não coloco a culpa em ninguém, não cobro e não
envio recados como o Kim Jong-un quando lança seus mísseis ao espaço. A palavra
tem poder, mas não a minha. Com quase onze anos de existência, o Coluna Livre possui
três seguidores, uma meia dúzia de comentários e arrecadou a exorbitante e
hiperbólica quantia de 0,24 centavos de dólar em anúncios. Dinheiro esse que
pretendo sacar e finalmente usufruir dos benefícios de ser um escritor falido. Quem
sabe um Trident de menta? Ou um Dadinho (não o “Zé Pequeno”, mas aquele de
comer mesmo). Não que o “Zé Pequeno” não seja, para alguns.
Não devemos confundir cocô de
tartaruga com dedo na verruga. Idiossincrasia com índio sem casinha. Míssil da
Coréia com Sífilis e Gonorréia. Cama de defunto com lanche de presunto.
Marcelinho Carioca com Judas Iscariotes.
O enredo da vida já é repleto de complicações, enganos, contrariedades,
confusões e aborrecimentos. Se a gente não galhofar um pouco dela, que graça
tem?
Rir é uma tarefa difícil nos dias
de hoje. Rir das próprias desgraças, ainda que com uma pontinha de acidez, uma
arte. Não sei se é o melhor remédio (pergunte ao vovô impotente se ele prefere
um comprimidinho azul na “hora H” ou receber “uma dose” de cócegas o dia inteiro),
mas pode ser um artifício sedativo quando as coisas não vão muito bem. Este
modesto e despretensioso blog é só um lugar onde consigo expressar minhas
ideias, experiências, frustrações e opiniões. São os tentames da minha vida. As
contemplações daquilo que me cerca. As observações de um desajustado. As
reflexões de um tolo.
Como diria o sábio poeta Mussum,
grande Mumu da Mangueira, “...todo mundo vê o porris que eu tomis, mas
ninguém vê os tombis que eu levis...”. Assim, transformo em palavras
o que penso. O que vivo. Inclusive os “tombis”,
que são quase sempre colossais e homéricos. Vamos então rir deles, sem
julgamentos, sem cobranças ou obrigações. Sem censura! Deixem um fracassado ser feliz, ainda que só por algumas linhas (olha a Teoria do Sucesso Reverso aí). Agora chegou a hora de me pirulitar daqui, cacildis!!!