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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Da Coluna ao Pasmatório, mas sem adornos!

"Vai ali falar de uma anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia..."

Por Jotha Santos
O Coluna Livre mudou. Na verdade, morreu mesmo. Já que neste humilde e infrutífero espaço eu sou DEUS, de uma hora para outra me deu vontade de acabar com ele assim como o Pai detonou Sodoma e Gomorra. Aos meus milhares de quatro leitores, peço que não se preocupem. A mudança está apenas no nome. O conteúdo parco, superficial, modesto e diminuto deste portentoso blog permanece inalterado. Aqui, a desimportância e o insignificante serão sempre os alicerces das digressões volúveis e desnecessárias.

Eu poderia dizer que fiz essa mudança com base em profundas análises semânticas do nosso glorioso vernáculo, bem como sua aplicação em estratagemas neurolinguísticas e ampla sagacidade intelectual com o apoio de várias xícaras de café barato, mas não. Não foi nada disso, com exceção do café, que é barato mesmo, portanto sem qualquer influência no propósito de potencializar o meu discurso. “O Pasmatório” é simplesmente um título que vem de encontro àquilo que o falecido Coluna Livre sempre foi: dispensável, sem propósito, impopular, ermo e devoluto.  Um lugar lapidado para abrigar a mais perfeita inópia mental.

Talvez, ainda explorando os pormenores da TSR (Teoria do Sucesso Reverso), “O Pasmatório” poderá trazer um novo fôlego a este esfalfado sítio eletrônico, já que um novo nome, muitas vezes, representa também uma nova atitude diante das circunstâncias. Algo como aquilo que pessoas ocupadas fazem quando chega o final de semana. Elas sorriem. Quem sabe eu me anime a produzir mais conteúdos improdutivos diante de uma nova efígie literária, ainda que o conceito permaneça imaculado.

Do fracasso, não espero outra coisa senão que ele continue me acompanhando nessa pasmaceira toda, afinal, sem ele, todas as coisas seriam diferentes e nada do que foi feito se fez. Assim, saúdo as “figuras expressivas, sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, discursos de sobremesa e graças vetustas. As frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos anos”. Vamos continuar divagando sobre cultura inútil, assuntos aleatórios, ocasionais, esparsos e sem importância. “Do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas”. Da mosca de banheiro ou a dinâmica de uma garrafa de Coca-Cola numa tribo de bosquímanos da Namíbia, discorramos sobre a vida, mas sem adornar muito o estilo, pois não quero obrigá-los a um esforço desnecessário, apesar da denominação deste lugarejo binário.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Rodrigo Hilbert, um comediante, eu, minha mãe e a Teoria do Sucesso Reverso

Curvem-se perante a mim, ó mortais!
Por Jotha Santos
Este deveria ser o momento em que eu iria escrever algo sobre a repercussão da última postagem, “As dez melhores atrizes da atualidade”. Pra manter o padrão, sabe? Mas não vai rolar porque não teve repercussão nenhuma. Nenhum comentário, meia dúzia de visualizações (sendo quatro minhas) e só. O que é bom porque, se é pra manter padrões, esta humilde coluna continua com o seu: Ninguém se interessa, ninguém lê e ninguém comenta. Após uns três anos de inatividade, continuo indo muito bem, só que ao contrário. É o que eu chamo de “A Teoria do Sucesso Reverso”.

Não é lá uma grande teoria que daria orgulho ao Neil deGrasse Tyson, até por que ele se deu bem na vida falando de coisas que ninguém entende, mas finge que entende. É mais uma maneira de observar de forma positiva aquilo que não parece ser tão bom num primeiro momento. Tipo quando a gente apanhava da mãe - com aquele chinelão de couro do pai comprado em Aparecida - por ter pulado o muro da escola. Na hora é ruim, fora a humilhação, mas pelo menos você aprende que matar aula pode ser prejudicial à saúde.

Claro que a TSR – sigla para Teoria do Sucesso Reverso – do latim, “fracassus retumbantis”, não vale pra todo mundo, pois tudo é relativo, já dizia o velho Einstein. Veja o Rodrigo Hilbert, por exemplo. Ele não sabe o que é isso na vida. O cara é simplesmente perfeito. Perfeito ao ponto de dar raiva em TODOS OS HOMENS DO PLANETA. Como é possível? O cara não só é galã de novelas como é sarado, alto, loiro, com a cútis perfeita e um bronzeado de fazer inveja até ao Donald Trump, o verdadeiro agente laranja. Ele ainda por cima cozinha (isso é sacanagem). E pra piorar a nossa situação, ele não só cozinha como CAÇA A SUA PRÓPRIA COMIDA! E mais: Ele ainda tem um programa de televisão pra mostrar os pratos espetaculares que faz. Quando não caça, faz compras no Pão de Açúcar, o suprassumo dos mercados. 

E você que está aí pensando que o rapaz caça coelhinhos fofos, galinhas de angola, codornas e patinhos na lagoa, não. NÃO! O cara caça é Javali. Jacaré. Avestruz. Até posso ver os filhinhos dele (que são igualmente perfeitos e ainda por cima gêmeos) falando:

- Papai, papai! Estamos com fome.

-Crianças! Tomem aqui uma coxa de rinoceronte!

É demais para qualquer um. Como se tudo isso não fosse o bastante para humilhar a nós, homens normais que se apegam à TSR para ter alguma esperança na vida, o cara ainda é casado com a FERNANDA LIMA. É como se Deus o tivesse escolhido para receber tudo o que há de melhor na vida terrena. O problema é que não sobra muita coisa pra gente. Tudo o que a gente faz não presta. Nem se compara. São pessoas como o Rodrigo Hilbert que revelam alguns pontos fracos da Teoria do Sucesso Reverso, como a capacidade de tornar seu alento inútil diante de tamanha grandeza. Na verdade, só ele mesmo. Porque como ele, na há. O cara era, é e há de ser!

Só que existe um meio-termo nisso tudo. Nem sempre você está na parte de baixo da tabela. No fim da fila, na base da pirâmide, no início da cadeia alimentar (só pra usar todos os clichês possíveis). Outro dia assisti a um stand up com um comediante que falava justamente sobre como os caras bem-sucedidos humilhavam os mortais como ele. Claro que entre os nomes citados estava o de Rodrigo Hilbert, o mestre em fazer os demais se sentirem humilhados. E foi aí que eu pensei:

-Mas este “standapeiro” aí não é aquele que aparece na TV? Sim. É ele mesmo!

Daí eu fiquei imaginando que se pra ele, ser comparado ao Rodrigo Hilbert é ruim, imagine pra mim. O cara tem programa na televisão, faz comercial de tudo quanto é produto bom, faz dezenas de shows por semana, sempre com casa lotada, é uma figura reconhecida por todos, suas redes sociais vivem lotadas de comentários, curtidas e etc. Sua carreira já está consolidada e ele provavelmente já está rico a ponto de não se preocupar mais com o INSS.

Assim, eu olhei pra mim...

Ninguém me conhece. Nunca apareci na televisão. Eu não tenho talento nem pra fazer comercial de Tubaína no verão. Meu blog já tem dez anos de existência e até agora só tem dois seguidores, eu e minha esposa, que por sinal, só passou a segui-lo ontem porque eu mandei (lê-se, pedi de maneira respeitosa). Até agora, tudo o que eu fiz não deu em nada. Não que eu tenha feito muita coisa útil, mas eu até que tentei. Outro dia, um amigo de muitos anos me lembrou que eu sou a única pessoa do mundo que ele conhece que conseguiu perder um emprego público, com concurso e tudo, e ainda por cima durante o governo Lula. É, é verdade. Eu não sei fazer nem pipoca de microondas direito, quanto mais caçar o alimento e ainda prepará-lo para uma família feliz ao redor da mesa durante um programa de televisão que, claro, é gravado na própria fazenda do homem mais incrível da história (lê-se Rodrigo Hilbert). Eu faço compras no Dia e no Mercadinho da Vila, cuja dona eu descobri hoje que é minha vizinha. Não tive nenhum desconto por isso.

Dia desses eu fui tentar consertar o sensor de presença da academia de uma amiga. Não só quebrei o aparelho como arranquei o reboco da parede. Me lembro que quando eu era pequeno, fui cheirar um perfume daqueles da vovó (lê-se Avon), só que eu esqueci que eu estava deitado. O liquido entrou tão fundo no nariz que até hoje eu sei como é o cheiro, tipo essência de velha. Nos meus empregos ordinários, eu sempre ouvi:

- Você é bom.

- Legal!

- Mas tome aqui sua demissão! 

- O quê?

A torneira da cozinha está péssima. Imaginem as reclamações. Só que eu não arrumo porque eu sou muito grande e não consigo entrar embaixo da pia para executar o serviço. Ou seja, nem a minha fisiologia ajuda. Aliás, outro dia eu fiz um teste daqueles de bioimpedância e o aparelho disse que eu já tinha uma idade biológica de 76 anos. Foi aí que eu concluí que sou mais velho que meu pai e já posso dar entrada na aposentadoria. 

Eu sou daqueles que chupa todas as balas do baleiro que foram compradas pras visitas. Daqueles que, a cada quatro copos que lava, um se quebra. Daqueles que a impressora trava bem na hora e ainda deixa uma mancha de tinta na folha A4 novinha que é pra você não reaproveitar. Daqueles que aguardam ansiosamente a hora do almoço pra comer um marmitex de treze reais comprado no "buteco" ao lado do trabalho. Trabalho cuja chefe, por sinal, é minha esposa. Sou daqueles que quando solta um pum, não adianta: Ele sempre virá com um pouquinho de peróxido de hidrogênio e seu cheiro característico. O INSS é a única esperança de estabilidade financeira. Tomara que dê para pagar o marmitex porque eu não sei caçar javali.

Na vida, temos pessoas no topo. Comediantes bem sucedidos, mas que não são lá nenhum Rodrigo Hilbert e por isso se acham inferiores, e temos caras como eu, que estão abaixo de tudo. Até dos comediantes. Concluo, portanto, que Einstein tinha mesmo razão ao dizer que tudo é relativo. Passei a entender que, das coisas mais cotidianas a um show de stund up, ou mesmo caçando crocodilos para comer, tudo já foi teorizado, sintetizado e explicado pelas sábias meninas do "Bom, xibom, bombom, bombom". O motivo, todo mundo já conhece: É que o de cima sobe e o debaixo desce."   

Há algum tempo, minha mãe falou que ainda não estava tranqüila para partir, pois eu ainda não havia “dado certo na vida” (estas não foram as palavras dela, claro, pois nenhuma mãe faz isso com o filho, mas foi o que ela quis dizer). Foi aí que para mim, a TSR fez todo sentido e tornou-se ainda mais mágica e poderosa. Eu não sou nenhum Rodrigo Hilbert (impossível) e nem um comediante com programa de televisão, ok. Mas se eu continuar assim, um cara ordinário, com meia dúzia de leitores no blog, com uma torneira quebrada em casa e comendo marmitex de treze reais todos os dias, isso significa que MINHA MÃE VAI DURAR PARA SEMPRE. Tipo o Mumm-Rá, só que bonita, legal e bondosa. E isso é bom. Mais até do que bom. É ótimo. É a Teoria do Sucesso Reverso em sua plena magnitude. Chupa essa, Rodrigo Hilbert! 

Agora chegou a hora do almoço. Vou indo lá no "buteco". 

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