Asim deve ser a troca de olhares. Do contrário, desista. |
Por Jotha Santos
Outro dia me perguntaram se
existe a “tal coisa” de “amor à primeira vista”. Eu não sou nenhum expert nos
assuntos pirotécnicos das chamas da paixão, temas amorosos, contos de fada, flamas arrebatadoras e afins. Na verdade, como em todas as outras coisas na
vida, eu também sou um completo fracasso no que diz respeito à temática da
benquerança. Porém, em respeito aos milhares de quatro seguidores do grandioso “Coluna
Livre”, vou refletir por algumas linhas sobre o assunto. Pode servir como um
manual teórico daquilo que não se deve fazer em matéria de amor. Ou pode não
servir para nada mesmo, o que é mais provável.
Eu mesmo já tive um “lance” assim
em um ponto remoto da minha vida. Lembro-me que esbarrei em uma garota uma vez –
de leve – e uma súbita paixão irrompeu em meu flácido e aterosclerótico
coração. Foi um sentimento estranho, mas muito bom. Acho que pela adrenalina,
serotonina e outras “aminas” que causam curto-circuito no nosso corpo nessas
horas. Fiquei pensando nela por dias e
dias. A barriga congelou. Naquele momento, ela era a coisa mais linda e perfeita que já havia visto
na terra (provavelmente era, acredite). Melhor até que as pirâmides do Egito, whiskey bourbon e os hotéis de Dubai. O problema é que, obviamente, aquele
sentimento não foi recíproco. Na verdade, deve ter sido bem o contrário. Ela
deve ter imaginado:
- Cara mané! Não olha por onde
anda!
Assim, creio que o “amor à
primeira vista” até exista, mas para realmente acontecer, tudo o que rege a nossa
existência aqui neste portentoso planeta precisa conspirar para que dê certo
(um dia refletirei sobre o conceito de “dar certo”, já que entendo tudo sobre o
conceito oposto). Júpiter precisa estar na inclinação certa, assim como Vênus e
também Plutão, que nem é mais planeta, mas dizem que influencia nas temáticas
afetivas aqui na Terra, apesar do seu rebaixamento. E mesmo que essas coisas
aconteçam perfeitamente, você também precisa estar em sintonia com toda a
cadeia de eventos até o momento em que a sua alma gêmea, sua tampa da panela, seu
ponteiro de relógio, seu limão de caipirinha apareça, majestosamente, bem
diante dos seus olhos.
Penso aqui com meus botões (um
botão só, o da calça) que se eu tivesse feito tudo certinho, não tivesse
cometido tantas escorregadelas homéricas e tomado várias decisões natimortas na vida, talvez – e apenas talvez – aquele momento do esbarrão despretensioso
poderia ser, finalmente, a conjunção e o ápice das histórias de amor que
sonhamos, tipo quando lemos Romeu e Julieta ou assistimos "Titanic". Ao invés
dela me achar um bobo desastrado e que não olha por onde anda, iria me ver como
o “príncipe encantado” da sua vida, ainda que sem cavalo branco e com cara de
Shrek.
Por essas e outras é que muitos
não acreditam que este tipo de amor possa existir, afinal, como saber se
estamos agindo corretamente e em conformidade com o cosmos (não é a série do
Carl Sagan)? Nunca saberemos. Uma dose de sorte, inúmeras coincidências e
casualidades também devem estar presentes na formula indecifrável do amor. Uma
fórmula ainda mais secreta que a da Coca-Cola, do chocolate suíço e da broa de
milho da padaria aqui do lado. No único exemplo da minha vida, um simples esbarrão
poderia ser o início de algo mágico, sobrenatural e surpreendente, ainda que
não fosse possível entender como. E é por isso que a vida é tão fascinante. Por
isso as formulas secretas serão sempre secretas, ainda que alguns tentem
desvendá-las.
Não sou um baluarte da paixão e
muito menos o guru do arrebatamento amoroso, mas deixo aqui minha dica (falando
sério agora): Siga seus instintos e busque fazer a coisa certa, mesmo sem saber
exatamente como. O amor, assim como a Coca, o chocolate e a broa têm seus
segredos. Cabe a nós apreciá-lo da melhor maneira possível, ainda que a Coca
seja Pepsi, o chocolate seja Arcor e a broa seja de milho transgênico. Nada é
perfeito (só aquela moça do encontrão. Ela não tinha defeitos). Acho que aproveitar da melhor maneira aquilo
que nos aparece é uma forma de participarmos um pouco das páginas dos livros de
Nicholas Sparks, dos contos de Shakespeare ou de algum frame do clássico “Casablanca”.
A vida real é cruel, dura e quase sempre
injusta. O amor não é diferente. Tente fazer o seu melhor. Pode ser que o “amor
da sua vida” esteja apenas a um esbarrão de distância. Esteja preparado! O que você cultivou até aquele momento é o que
vai defini-lo como um príncipe encantado ou apenas mais um mané desajeitado. Eu fui o mané. E você? Agora eu vou parar
porque estou quase chorando...
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