O fogo e a fumaça interrompem o futuro... o sorriso. |
Palavras confortam... mas não agora. Pais procuram seus meninos... um
último beijo... um último abraço.
Palavras confortam... mas não agora.
O fogo e a fumaça interrompem o futuro... o sorriso. E por uma mórbida
brincadeira do acaso, em um momento de alegria...
Palavras confortam... mas não agora.
Na madrugada, em nossas casas, não sabíamos que o céus de Santa Maria
cobriam-se de cinzas... não imaginávamos
que a morte chegara junto às chamas da tragédia...
Palavras
confortam... mas não agora.
Um único
sinalizador, uma única saída... centenas de vidas. Por Deus! Essa conta não
bate! Nada mais faz sentido.
Palavras
confortam... mas não agora.
Pais procuram
suas crianças em meio ao caos inesperado... em meio a árdua ceifa do destino.
Destino traçado sem o nosso entendimento... sem o nosso consentimento.
Palavras
confortam... mas não agora.
Uma triste
sinfonia de celulares ecoava... mas não havia resposta. Não havia consolo em tantos sons registrados por aqueles que se foram. Sons que marcaram suas
vidas, suas alegrias, tristezas, amores, momentos, desejos, sonhos... ruína! O
beijo mais que esperado jamais veio. Por ironia do destino, em um inferno
chamado “Kiss”.
Palavras
confortam... mas não agora.
Enquanto
dormíamos, o alvorecer em Santa Maria transformava vidas. Transformava histórias.
Palavras
confortam... mas não agora.
A chama foi
extinta. A fumaça dissipada. O dia 27 de janeiro, no entanto, não se apagará
jamais! Ficam o choro, a dor, o desespero, o sofrimento... as cicatrizes. As
paredes se esfriam, mas o calor de uma triste lembrança não será amenizado. Nada
mais será como antes...
Palavras consolam... mas não agora.
Palavras consolam... mas não agora.
Que o bálsamo
divino traga alívio, descanso e aconchego. E que a névoa da catástrofe não mais
se aproxime de nossas crianças. Crianças que só queriam um pouco de diversão.
Palavras
consolam... mas não agora.
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