Mostrando postagens com marcador Príncipe Encantado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Príncipe Encantado. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Um mané e os esbarrões do amor

Asim deve ser a troca de olhares. Do contrário, desista.
Por Jotha Santos
Outro dia me perguntaram se existe a “tal coisa” de “amor à primeira vista”. Eu não sou nenhum expert nos assuntos pirotécnicos das chamas da paixão, temas amorosos, contos de fada, flamas arrebatadoras e afins. Na verdade, como em todas as outras coisas na vida, eu também sou um completo fracasso no que diz respeito à temática da benquerança. Porém, em respeito aos milhares de quatro seguidores do grandioso “Coluna Livre”, vou refletir por algumas linhas sobre o assunto. Pode servir como um manual teórico daquilo que não se deve fazer em matéria de amor. Ou pode não servir para nada mesmo, o que é mais provável.

Eu mesmo já tive um “lance” assim em um ponto remoto da minha vida. Lembro-me que esbarrei em uma garota uma vez – de leve – e uma súbita paixão irrompeu em meu flácido e aterosclerótico coração. Foi um sentimento estranho, mas muito bom. Acho que pela adrenalina, serotonina e outras “aminas” que causam curto-circuito no nosso corpo nessas horas.  Fiquei pensando nela por dias e dias. A barriga congelou. Naquele momento, ela era a coisa mais linda e perfeita que já havia visto na terra (provavelmente era, acredite). Melhor até que as pirâmides do Egito, whiskey bourbon e os hotéis de Dubai. O problema é que, obviamente, aquele sentimento não foi recíproco. Na verdade, deve ter sido bem o contrário. Ela deve ter imaginado:

- Cara mané! Não olha por onde anda!

Assim, creio que o “amor à primeira vista” até exista, mas para realmente acontecer, tudo o que rege a nossa existência aqui neste portentoso planeta precisa conspirar para que dê certo (um dia refletirei sobre o conceito de “dar certo”, já que entendo tudo sobre o conceito oposto). Júpiter precisa estar na inclinação certa, assim como Vênus e também Plutão, que nem é mais planeta, mas dizem que influencia nas temáticas afetivas aqui na Terra, apesar do seu rebaixamento. E mesmo que essas coisas aconteçam perfeitamente, você também precisa estar em sintonia com toda a cadeia de eventos até o momento em que a sua alma gêmea, sua tampa da panela, seu ponteiro de relógio, seu limão de caipirinha apareça, majestosamente, bem diante dos seus olhos.

Penso aqui com meus botões (um botão só, o da calça) que se eu tivesse feito tudo certinho, não tivesse cometido tantas escorregadelas homéricas e tomado várias decisões natimortas na vida, talvez – e apenas talvez – aquele momento do esbarrão despretensioso poderia ser, finalmente, a conjunção e o ápice das histórias de amor que sonhamos, tipo quando lemos Romeu e Julieta ou assistimos "Titanic". Ao invés dela me achar um bobo desastrado e que não olha por onde anda, iria me ver como o “príncipe encantado” da sua vida, ainda que sem cavalo branco e com cara de Shrek.

Por essas e outras é que muitos não acreditam que este tipo de amor possa existir, afinal, como saber se estamos agindo corretamente e em conformidade com o cosmos (não é a série do Carl Sagan)? Nunca saberemos. Uma dose de sorte, inúmeras coincidências e casualidades também devem estar presentes na formula indecifrável do amor. Uma fórmula ainda mais secreta que a da Coca-Cola, do chocolate suíço e da broa de milho da padaria aqui do lado. No único exemplo da minha vida, um simples esbarrão poderia ser o início de algo mágico, sobrenatural e surpreendente, ainda que não fosse possível entender como. E é por isso que a vida é tão fascinante. Por isso as formulas secretas serão sempre secretas, ainda que alguns tentem desvendá-las.

Não sou um baluarte da paixão e muito menos o guru do arrebatamento amoroso, mas deixo aqui minha dica (falando sério agora): Siga seus instintos e busque fazer a coisa certa, mesmo sem saber exatamente como. O amor, assim como a Coca, o chocolate e a broa têm seus segredos. Cabe a nós apreciá-lo da melhor maneira possível, ainda que a Coca seja Pepsi, o chocolate seja Arcor e a broa seja de milho transgênico. Nada é perfeito (só aquela moça do encontrão. Ela não tinha defeitos).  Acho que aproveitar da melhor maneira aquilo que nos aparece é uma forma de participarmos um pouco das páginas dos livros de Nicholas Sparks, dos contos de Shakespeare ou de algum frame do clássico “Casablanca”.  A vida real é cruel, dura e quase sempre injusta. O amor não é diferente. Tente fazer o seu melhor. Pode ser que o “amor da sua vida” esteja apenas a um esbarrão de distância. Esteja preparado!  O que você cultivou até aquele momento é o que vai defini-lo como um príncipe encantado ou apenas mais um mané desajeitado.  Eu fui o mané. E você? Agora eu vou parar porque estou quase chorando...  

Leia Também

Um mané e os esbarrões do amor

Asim deve ser a troca de olhares. Do contrário, desista. Por Jotha Santos O utro dia me perguntaram se existe a “tal coisa” de “amor ...