Nunca... jamais! |
Capitão Nascimento já dizia: “Nunca serão... jamais serão”.
Assim é o Neymar. Chegaram a dizer que “o plano de carreira para ele era ocupar
a cadeira de ídolo nacional deixada por Ayrton Senna”. Nunca será! Hoje, o “menino
Ney” é motivo de chacota em todo o mundo. E a culpa é só dele. Talvez o fato de
ser o eterno “menino” nos faça entender tudo. Meninos choram por qualquer
coisa, reclamam por qualquer coisa, fazem birra, ficam “de mal” e se aborrecem
quando questionados. Eles não sabem lidar com as “coisas de adultos”. E isso é
natural, afinal, são apenas meninos.
Meninos se dão bem no mundo dos meninos. Neymar brilhou nas
Olimpíadas. Ajudou a seleção a trazer uma medalha inédita para o país. Foi
legal! Mas jogou contra outros meninos. Provou que não pertencia mais àquele
mundo. Estava na hora de ter a sua segunda chance entre os adultos, e teve. Infelizmente,
foi ainda mais imaturo. Não deixou as coisas de menino. Chorou, brigou, esperneou,
xingou...
Ídolos se sacrificam. Até brigam e choram, é verdade, mas
jamais se esquecem da verdadeira missão. Destemperado, infantil, simulador,
imprudente e irresponsável. Este é Neymar. E os ídolos não são assim. Fico
imaginando aqui aquela corrida em Interlagos, em 1991, quando Senna chegou às
ultimas voltas apenas com a sexta marcha e venceu. Ele sabia o quanto teria que
lutar, se sacrificar. Teria que lutar contra o os outros pilotos, contra o próprio
carro e contra si mesmo. Ir além da sua capacidade física e mental. Perseverante
até o fim, recebeu sua recompensa e nos brindou com mais uma bela página de sua
magnífica carreira que tanto nos orgulha até hoje. Ele fazia por ele, sim, mas
também por todos nós. Este é o legado de um verdadeiro ídolo.
Neymar faz propaganda de cerveja, de barbeador, de carro, de
cueca, relógios horrorosos e fast food.
De café, enxaguante bucal, bateria, telefonia e televisor. De avião, Tele-Sena
e vitaminas do amigo Sidney. De shampoo, guaraná, meias e óculos de grife.
Neymar gosta de farra, de festa, folgança e patuscada. De exibir namorada
bonita, carros de luxo, mansões e iates.
De Instagram, Facebook e Twitter. De vez em quando gosta de jogar bola.
E como joga! Um dos melhores da atualidade. E é apenas isso que queríamos. Que
Neymar jogasse seu futebol com a “amarelinha”. Por que não o faz?
Neymar é um homem. É adulto. É pai. Possui uma conta
bancária de adulto, vende uma imagem de adulto, faz coisas de adulto, mas se
comporta como menino. Seu staff ou “os
parças” não ajudam. O preferem assim. Mimado, mal criado, esbanjador, pimpão e
farofento. Assim é mais fácil aproveitar os benefícios de ser “amigo” do Ney. No
meio do caminho, o próprio se esquece das esperanças que depositamos nele. Essa
é a nossa parcela de culpa em tudo isso. Neymar não dá a mínima pra gente. Ele
gosta mesmo é de ganhar dinheiro, de pintar cabelo e tomar sol em lugares
paradisíacos. De caviar, champanhe e camarão. Nós não pertencemos ao mundo
dele.
O “sábio” técnico Wanderley Luxemburgo disse bem: “Não é difícil
ser Neymar. Ser Neymar é fácil. Difícil é ser Pedro, João e Maria”. Difícil é
ser eu e você. Vamos nos importar com quem se importa com a gente. Vamos deixar
o “menino” pra lá. Nós não comemos caviar nem bebemos champanhe. Muitas vezes,
nem comemos. Não fazemos propagandas milionárias e não temos namoradas
maravilhosas. Não temos salários astronômicos ou bonificações infinitas. Não temos staff,
empresários ou “parças”. Difícil é ser
brasileiro. Difícil é ser ídolo de uma nação. Ser Neymar é moleza. Ser lembrado
pelo “cai-cai” e pelas simulações, virando motivo de piada e achincalhamento em
todo o mundo? Bobagem! Podem rir! Eu sou O Neymar e não preciso de ninguém. A vida de luxo e abastança está garantida e ela me basta.
Como diria o proeminente político Justo Veríssimo, “o povo que se exploda”!
Quem quer ser ídolo? Dá muito trabalho. Coisa chata! Tem que
dar entrevistas nas derrotas. Tem que explicar os erros. Tem que sorrir para as
câmeras mesmo quando as coisas não vão bem. Tem que pilotar um carro quebrado até
a linha de chegada. Tem que sofrer, suar, machucar, tolerar, resistir, suportar e aceitar. Tem que levar esperança e elevar o nome de uma nação. E este não é papel de Neymar. Isso já ficou claro.
Vamos esquecer o menino e esperar pelo homem. Neymar terá
mais uma chance em 2022, se assim a merecer. Não estou confiante. Pelo futebol, merece. Mas como é costumeiro
falar nos dias de hoje, “não é só futebol”. E nunca é mesmo. Nas manhãs de
domingo, não era apenas uma corrida. Era muito mais. Era fazer algo mais. Era dar um pouco mais de si. Era se colocar no lugar do outro. No caso, no lugar de um país inteiro. Era alcançar por nós aquilo que nós mesmos não poderíamos. Era fazer valer a fé uma vez depositada. Era deixar de lado as coisas de menino. Por essas e outras, Ayrton Senna será sempre lembrado como herói, ídolo, brasileiro. Já Neymar, bem... sua história ainda não terminou, mas não sei porque a frase do Capitão Nascimento não me sai da cabeça.