terça-feira, 29 de outubro de 2013

Os dez melhores atores da atualidade

Por Jotha Santos
Esta lista poderia causar muita polêmica por alguns motivos:

1°: Só contempla atores de Hollywood.
2°: Apenas homens (por isso, a lista se chama "Os dez melhores ATORES...").
3°: Inclui, em sua maioria, atores jovens.
4°: Considera predominantemente a relevância de seus trabalhos e frequência nas telonas.
5°: Não é baseada no cachê dos participantes.
6°: Valoriza o talento.
7°: Exclui os clichês.
8°: Nela você não encontrará nomes como Sean Connery, Al Pacino, Robert De Niro, Anthony Hopkins e etc. (ver item número 3).
9°: Tom Hanks, Brad Pitt, Will Smith, Denzel Washington, Robert Downey Jr., Morgam Freeman, Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Christian Bale e Edward Norton são excelentes atores, até melhores do que os da lista abaixo, mas já pertencem a uma outra geração e não há espaço para eles em uma lista que pretende ser atual.
10°: Heath Ledger não está nela porque já morreu.

Apesar de tudo, sei que não preciso me preocupar com as polêmicas, afinal ninguém lê essa coluna mesmo, então posso colocar até o Didi Mocó Sorrisal Colesterol Novalgina Mufumo na lista que nenhuma alma vai questionar mesmo. Aí vai:


Ryan Gosling

Talvez o melhor ator em atividade no momento (em minha humilde opinião, claro). Versátil, profundo, carismático e comprometido.

Destaque para as atuações em:
Drive
Only God Forgives


Indicado ao Oscar por seu papel em  Revolutionary Road, tem se destacado no cenário "hollywoodiano" com excelentes atuações, mesmo em papéis menos complexos, que já deixou para trás. É sofisticado, inteligente e carismático.
Destaque para as atuações em:
The Iceman
Take Shelter
Man of Steel


Michael Fassbender

Ator alemão, começou a chamar a atenção dos críticos a partir dos trabalhos em Bastardos Inglórios e X-Man First Class.

Destaque para as atuações em:
Bastardos Inglórios
X-Men First Class
Centurião
Um Método Perigoso



Estudou atuação apenas um ano e mostrou evolução em cada trabalho realizado, chegando a ser indicado para o Oscar pelo papel em 127 Horas.

Destaque para as atuações em:
Spider-Man 1, 2 e 3
127 Horas
Planeta dos Macacos: A Origem
Oz: Mágico e Poderoso



Ator britânico, vencedor de inúmeros prêmios pelo mundo afora, incluindo o Golden Globe e o Emmy Awards pela série Luther. Tem se destacado no cenário americano pelo seu talento e perfeccionismo. 

Destaque para as atuações em:
Ladrões
Motoqueiro Fantasma 2
Pacific Rim


Escocês, começou a atuar em 1995. A partir do trabalho em "O ùltimo Rei da Escócia", chamou a atenção dos críticos para o seu talento.

Destaque para as atuações em:
O Último Rei da Escócia
X-Men: First Class
Trance




Indicado duas vezes ao Globo de Ouro, Gordon-Levitt é um exemplo raro de atores que souberam fazer com competência a transição da TV para as telonas.

Destaque para as atuações em:
50/50
The Dark Knight Rises
Premium Rush
Looper
Lincoln


Fez algumas "porcarias" (quem nunca), mas tem talento e deve se consagrar como uma das grandes estrelas de Hollywood.

Destaque para as atuações em:
Star Trek
Incontrolável
Guerra é Guerra
People Like Us
Star Trek: Into Darkness


Vem melhorando a cada trabalho. Nesse ritmo, vai longe e não precisa mais aceitar tudo quanto é papel que aparece por baixo da sua porta.

Destaque para as atuações em:
Quarteto Fantástico (?)
Puncture
Avengers
The Iceman



É "O CARA" do momento, vencendo inclusive algumas premiações como "Novo Talento Mais Popular" pela Logie Awards, ente outros. Está com tudo, por isso seu bolso agradece e as tietes também.

Destaque para as atuações em:
Thor
Avengers
Rush





Por pura coincidência, temos três "CHRIS(es)" no final da lista. Acho que é um bom nome para a senhora batizar seu filho, vai por mim, porque Jonathas não rendeu nada. 

A relação poderia incluir também o nome de Bradley Cooper, mas como eu tinha que escolher apenas dez e me baseei no momento, o novo "Cara de Pau" Peck ficou de fora, mas poderia facilmente tomar o lugar de alguém aí em cima. Espero que apreciem (digo isso mesmo sabendo que ninguém vai ler só para dar "um ar" de importância).

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Scarpa e o Bentley

Enterrar um Bentley também é um ato nobre
Por Jotha Santos
Para quem assistiu a entrevista de Chiquinho Scarpa para Danillo Gentili no "Agora é Tarde" na semana passada, fica a dúvida se a intenção original do playboy ao enterrar seu Bentley, avaliado em 1 milhão de Dilmas, era mesmo causar alguma reflexão sobre doação de órgãos. O milionário em nenhum momento (NENHUM MESMO), citou que isso faria parte de uma campanha. Disse apenas que enterraria o carro porque este era "seu bem maior" e que, "assim como os faraós", gostaria de ter enterrado seus tesouros. Disse ainda que andaria de Bentley em outra vida e que não deve satisfações a ninguém, por isso faz com suas riquezas aquilo que bem entende. Não havia, inicialmente, nenhuma causa nobre por trás disso tudo. Um ou dois dias após a entrevista e de toda a polêmica gerada nas redes sociais, Scarpa, agora devidamente orientado por seus assessores, lançou a tal "campanha" que deu sentido e trouxe nobreza ao ato insano arquitetado pelo Conde brasileiro. O fato de provavelmente jamais ter pensado nisso no começo da empreitada, no entanto, não invalida a essência do evento realizado em sua mansão, que acabou se tornando interessante e repercutindo positivamente em todo o país graças a algumas cabeças pensantes que demonstraram que, mesmo na loucura de poucos, é possível extrair valiosas lições para muitos.

Abaixo, o link com a entrevista completa, realizada na terça-feira, dia 17/09, três dias antes do evento. Tirem suas conclusões!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Gotas d'água em Belo Monte

Energia eólica? Solar? Não... isso não vai acontecer tão cedo.
Por Jotha Santos
Ironia é um movimento que quer impedir a construção de uma usina hidrelétrica se chamar "Gota d'água". Itaipu sepultou para sempre o Alto das Sete Quedas, um dos mais belos espetáculos da natureza em nosso país. Hoje, temos banho quente, iPads e celulares carregados graças a esse "atentado" contra nosso "patrimônio" natural. Mas vivemos bem e felizes, principalmente quando o ar-condicionado funciona e refresca o calor insuportável do qual também somos culpados. E isso, sem se lembrar das Sete Quedas, das pessoas que moravam em seu entorno e dependiam do turismo lá explorado para a própria sobrevivência.

Precisamos ser menos hipócritas e conviver com a realidade. Energia eólica? Solar? Não... isso não vai acontecer tão cedo. Talvez nunca na proporção que queremos ou precisamos. Não do jeito que está. Mas ainda vamos querer uma água gelada a qualquer momento, uma roupa passada e uma TV ligada em nosso programa favorito. 

No Brasil, culturalmente crescemos assim: primeiro destruímos para depois progredirmos, infelizmente. E um prognóstico nada otimista revela que essa condição não deve mudar. Não nessa ou nas próximas gerações. Nada muda justamente por causa da nossa hipocrisia, pois quando o problema de uma nação bate a nossa porta, apenas "nos expressamos" entupindo as redes sociais de mensagens motivacionais, vídeos e frases impactantes que mais parecem um capítulo de novela. Novela que só acompanhamos graças àquela mesma usina hidroelétrica que destrói nosso patrimônio, nossos lares, nossa natureza. 

Alguém poderá me dizer que estou agindo da mesma forma. Deixo um comentário em uma rede social e pronto. Minha parte está feita. Consciência limpa. 

Não. Eu não fiz a minha parte. Minha consciência não está limpa. Não está, assim como a energia que me permite fazer este comentário não é limpa. Nossas atitudes não são limpas, nossas vidas não estão limpas, nossos governantes, nossas leis, nossos estatutos e nossas experiências não são limpas. O Brasil não está limpo. 

Hidrelétrica, termoelétrica, nuclear, a carvão ou a moinho de vento, não importa. Infelizmente não importa, pois amanhã, o que vamos querer mesmo é um bom banho quente e um refrigerante gelado após um longo dia de trabalho. Trabalho este que permite pagar os impostos. Os mesmos impostos que financiam a construção de usinas, sejam elas a água, radiativas ou destrutivas. Independente do tipo, o mais importante mesmo é que elas impeçam um apagão nacional. Apagão este que nos impedirá de postar mensagens, protestos, vídeos e frases impactantes no Facebook, Twitter, Instagram e tantos outros.

Quem sabe, se nossos celulares não despertarem mais pela manhã por falta de energia, talvez não precisaremos mais trabalhar. Assim, não iremos mais gerar impostos para a construção de novas usinas, evitando então que elas destruam florestas, vidas e belezas naturais. Evitando que elas sepultem a história, que ironicamente, em nosso século, passou a ser escrita por elas e por meio delas. 

Foto: pt.wikipedia.com

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Palavras em Santa Maria

O fogo e a fumaça interrompem o futuro... o sorriso.
Por Jotha Santos
Palavras confortam... mas não agora. Pais procuram seus meninos... um último beijo... um último abraço.

Palavras confortam... mas não agora.
O fogo e a fumaça interrompem o futuro... o sorriso. E por uma mórbida brincadeira do acaso, em um momento de alegria...

Palavras confortam... mas não agora.
Na madrugada, em nossas casas, não sabíamos que o céus de Santa Maria cobriam-se   de cinzas... não imaginávamos que a morte chegara junto às chamas da tragédia...

Palavras confortam... mas não agora.
Um único sinalizador, uma única saída... centenas de vidas. Por Deus! Essa conta não bate! Nada mais faz sentido.

Palavras confortam... mas não agora.
Pais procuram suas crianças em meio ao caos inesperado... em meio a árdua ceifa do destino. Destino traçado sem o nosso entendimento... sem o nosso consentimento.

Palavras confortam... mas não agora.
Uma triste sinfonia de celulares ecoava... mas não havia resposta. Não havia consolo em tantos sons registrados por aqueles que se foram. Sons que marcaram suas vidas, suas alegrias, tristezas, amores, momentos, desejos, sonhos... ruína! O beijo mais que esperado jamais veio. Por ironia do destino, em um inferno chamado “Kiss”.

Palavras confortam... mas não agora.
Enquanto dormíamos, o alvorecer em Santa Maria transformava vidas. Transformava histórias.

Palavras confortam... mas não agora.
A chama foi extinta. A fumaça dissipada. O dia 27 de janeiro, no entanto, não se apagará jamais! Ficam o choro, a dor, o desespero, o sofrimento... as cicatrizes. As paredes se esfriam, mas o calor de uma triste lembrança não será amenizado. Nada mais será como antes...

Palavras consolam... mas não agora.

Que o bálsamo divino traga alívio, descanso e aconchego. E que a névoa da catástrofe não mais se aproxime de nossas crianças. Crianças que só queriam um pouco de diversão.

Palavras consolam... mas não agora.  

Foto: http://br.freepik.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A viagem!


E, de repente: Teve um nenê!
Por Jotha Santos...
...em 07/04/1988 - portanto, com 10 anos de idade!
" dois anos atrás", minha colega foi a uma viagem. O pai dela era caminhoneiro e viajava sempre.

Um dia, ele chamou sua mulher, minha colega – que naquele tempo tinha 8 anos – e seu irmãozinho que tinha 6 com sua irmã que tinha 10.

Eles viajaram de caminhão, mas quando estavam no meio da estrada faltou gasolina. Eles tentaram andar, mas era muito longe! A sorte deles é que um amigo do pai da minha colega estava indo para o mesmo lugar que eles.

Como eles não podiam andar o amigo do pai da minha colega emprestou gasolina a ele. Mas quando eles estavam no caminho, a mulher do amigo do pai da minha colega se sentiu mal e de repente: Teve um nenê! Eles pararam numa cidade chamada Caieiras.

Como eles não podiam ir embora, ficaram no caminhão durante quatro dias. Eles iam buscar comida num bar perto de lá. Passados os quatro dias, eles voltaram para Campinas.

Foto: Internet

sábado, 5 de março de 2011

Inocente Carnaval

É uma carne que não dá pra comer. Ou dá?
Por Jotha Santos
- Ô mãe?
- Hum!
- Hoje é Carnaval?
- É.
- Legal...
- Mãe?
- Fala.
- Por que Carnaval chama CAR-NA-VAL?!
- Ah, filha, sei lá!
- No Carnaval tem carne?
- Não, minha filha!
- Então por que tem esse nome?
- É porque é a festa da carne!
- Foi o que eu disse, mãe!
- É, filha, mas não é essa carne que você está pensando!
- Que carne que é então?
- Um outro tipo de carne!
- De porco?
- Não, filha. É uma carne que não dá pra comer!
- Como assim?
- Filha, você é muito nova pra entender!
- É carne só pra adultos?
- Isso, filha. Isso mesmo!
- Entendi...
- ...

- Ô mãe?
- Hum...
- Se no carnaval só tem carne pra adulto, o quié que eu vou comer?
- Ah, filha, você pode comer o que quiser.
- Até carne?
- Claro!
- Mas você não disse que no Carnaval só tem carne pra adultos?
- Eu disse, filha, mas... vamos mudar de assunto?
- Tá bom.
- ...
- ...

- Ô mãe?
- O que foi!?
- Qual é o próximo feriado?
- É a Semana Santa, filha.
- Ah! Já sei. É aquela semana que não se come carne?
- Isso mesmo!
- ...
- ...

- Ô mãe?
- Fala!
- Se no Carnaval só tem carne pra adulto...
- Sei...
- E na Semana Santa eu também não posso comer carne...
- Hum...!
- Por que o papai sempre leva a gente pra churrascaria?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

You are the Last Dragon You possess the power of the Glow

Quem é o mestre?
Por Jotha Santos
Se você viveu sua infância e adolescência durante os anos 80, ao ler o título dessa postagem, provavelmente irá se lembrar de algo. Eu, pelo menos, jamais esqueci. Gostaria de escrever um montão de coisas bacanas sobre o assunto agora, mas estou com uma preguiça danada, por isso, vamos direto ao assunto:

Bruce Leroy está de volta! Isso mesmo. A Columbia Pictures está preparando um remake para o clássico dos clássicos dos filmes de luta dos anos 80, “O Último Dragão” (The Last Dragon – 1985). A saga do mestre das artes marciais pelas ruas de Nova York na tentativa de encontrar “o caminho”, a “aura”, o “Glow”, terá uma nova versão adaptada para as telonas. O primeiro esboço do roteiro já está pronto, segundo o co-produtor RZA, bem como o ator que interpretará o indefectível vilão Sho´Nuff: Samuel L. Jackson ficará encarregado de dar nova vida ao Shogun do Harlem, interpretado originalmente por Julius Carry, que para tristeza dos fãs, faleceu em agosto do ano passado em decorrência de um câncer no pâncreas.

O nome do ator que interpretará Bruce Leroy ainda não foi escolhido, mas ainda segundo os produtores, as filmagens começam este ano, com estréia prevista para o inicio de 2010. Rihanna, aquela da música do guarda-chuva, poderá interpretar a cantora e apresentadora Laura Charles, que faz o par romântico da aventura junto com Leroy (e o irmão mais novo dele, é claro, que é quem realmente demonstra sua paixão pela estrela desde o inicio do filme).

O Último Dragão, apesar de sua simplicidade, dos clichês, das roupas exageradas e das interpretações que vão do sofrível ao espetacular em poucos segundos, alcançou o titulo de Cult justamente por sua empatia com o público, por sua capacidade de alcançar e trazer para dentro do filme qualquer um que o assista, sem muito esforço, independente de preferências e gostos. Eu mesmo, já assisti umas vinte vezes. É impossível começar a assistir e não chegar até o fim, uma característica interessante de muitos filmes dos anos 80 e 90, e que foi perdida nas películas atuais.

Vale lembrar também de sua excelente trilha sonora, produzida pelo pessoal da Motown (assim como todo filme) e que ajudou a preservar na memória e nas videotecas dos fanáticos por artes marciais com mais de 30 anos a epopéia de Bruce Leroy. Agora é esperar e torcer para que a turma da Columbia faça algo tão bacana quanto o primeiro filme.

Em tempo: Will Smith poderá produzir em breve a refilmagem de “Karate Kid”. É verdade, isso não é piada. Will desconversou no começo, mas agora parece ter revelado de vez a vontade de trazer Daniel Larusso e Sr. Miyagi de volta ao mundo dos vivos. E tem mais: Ele quer que o próprio filho atue no papel do garoto que aprende karate lavando carros e pintando cerca. Do jeito que a coisa vai, quem sabe não vejamos num futuro próximo o remake de “Retroceder Nunca, Render-se Jamais”, outro clássico daquele tempo bom, que como dizia Thaide, não volta nunca mais! Quem viver, verá!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Os Sentidos do Natal: Epílogo

É. Eu vi... Bell UH1 Huey Iroquois!
Por Jotha Santos
Antes tarde do que nunca! Eu sei que o Natal já passou, mas como os seus sentidos são eternos, aí vai o último, restante, derradeiro e definitivo capitulo da saga Os Sentidos do Natal, até que alguém resolva escrever alguma coisa melhor sobre o assunto, sem necessitar de muito esforço. Desejo a vocês, meus inúmeros seis leitores, um bom ano novo e que 2008 continue sempre novo, ainda que você pareça estar mais velho!

A audição também exerce papel fundamental durante o Natal, principalmente na hora de descobrir os presentes colocados ao pé da árvore, provavelmente enfeitada com as mesmas bolinhas produzidas em larga escala por prisioneiros tailandeses e que foram reprovadas em todos os controles de qualidade, inclusive o seu, dentro da loja. Quando chega meia-noite, todo mundo corre pra pegar o seu presente, e aí aquele cunhado mala diz:

- Esse é o meu! Esse é o meu!

Aí, com aquela mão toda engordurada após comer uns vinte croquetes antes da ceia, o parente da sua esposa (que não é seu, mas pensa que é) dá uma chacoalhada daquelas na caixa e depois questiona:

- Qué isso?
- É de vidro?
- É. Pode abrir!
- Putz!
- Que foi!
- Acho que quebrou!

Já perto da meia-noite, tem sempre aquele outro parente (geralmente um cunhado mesmo) que acredita que no Natal, o milagre da entonação vocal e da afinação perfeita acontece especialmente com ele. Após umas e outras, ele se sente mais preparado que Roberto Carlos em dia de especial da Globo para soltar a voz e mostrar seu grande talento. É de doer! Só a esposa (dele) acha graça. Mas só até certo ponto. O pior é que quando ele se cansa, alguém (provavelmente outro cunhado) vai lá no aparelho de som e coloca aquele CD da Simone que você já sabe bem qual é. O martírio não acaba nunca!

Em alguns momentos, porém, a audição pode nos confundir. E é aí que a visão exerce seu papel igualmente importante na hora de descobrir outros mistérios do Natal e seus pormenores.

- Ô Papai Noel?
- Diga, minha filha!
- Essa sua risada é de Papai Noel mesmo?
- Claro, querida!
- Não parece! Ri de novo?!
- Ho! Ho! Ho!
- É. Não parece mesmo!
- É que Papai Noel está um pouco cansado, minha filha!
- Sei.
- Eu vi o Marlboro na sua mochila!
- E as renas? Cadê?
- Renas?
- É. Você não veio de rena?
- Claro, claro...
- E cadê?
- Você me leva pra ver?
- Não vai dar!
- Ué! Por que?
- ESCUTA AQUI, MENINA!
- Credo, Papai Noel! O que foi?
- Já me enchi desse papo!
- Não escutou o barulho lá fora quando cheguei!
- É. Escutei.
- E você acha que rena faz aquele barulho todo?
- Acho que não!
- Pois é. Dá uma olhada pela janela!
- EU CHEGUEI DE HELICÓPTERO!
- É. Eu vi... Bell UH1 Huey Iroquois!
- Humpf!
- ...
- ...
- Mas, ô Papai Noel?
- Fala logo! O que é que você quer?
- Eu só tenho mais uma dúvida!
- Tudo bem... Qual é?
- Você mora no Vietnã?


Foto: www.aviationphoto.co.uk

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Os Sentidos do Natal: Parte II

É tipo uma galinha. Só que bem maior!
Por Jotha Santos
Após receber muitos pedidos por e-mail (uns quatro), e também pessoalmente (uns dois), a equipe do Coluna Livre (no caso, só eu mesmo) dá continuidade à série Os Sentidos do Natal. Até o dia 25 de dezembro – não necessariamente desse ano – você poderá compreender (ou não), de forma inutilmente analítica, do que o Natal realmente é feito.

Depois do importante tato (veja abaixo. Abaixo, mas no outro texto), analisaremos, de maneira profundamente superficial, o olfato e o paladar. Embora sejam sentidos diferentes, estão essencialmente fadados a dividir as atenções. Não adianta. Primeiro você cheira, depois come. Muita gente até faz o contrário, mas quase sempre acaba se dando mal. Quem é que nunca abriu a geladeira, pegou a primeira garrafinha que viu pela frente, deu aquela golada bem servida e só depois percebeu que o leite já havia virado queijo. É por isso que não dá para separar os dois. Cheirar e comer fazem parte da nossa história. E também fazem bem à saúde.

Com cerca de 5 milhões de células olfativas e capaz de identificar mais de 4 mil cheiros diferentes, nosso nariz nos revela algumas coisas interessantes sobre o Natal. Um dos grandes sinais quase sempre vem logo pelas manhãs do último mês do ano. O cheiro de açúcar e canela não deixa dúvidas: Tem rabanada! Aquele pãozinho amanhecido mergulhado em leite e ovos faz a alegria da criançada (e da velhacada sem dente também), porém, alguns questionamentos ainda habitam o consciente coletivo individual das maiores cabeças pensantes do nosso universo cósmico natalino.

- Ô mãe?
- Diga, minha filha!
- Por que essa comida chama rabanada?
- Não sei. É só um nome!
- É feita de rabo?
- Claro que não. Imagina!
- Tem rabo dentro?
- NÃO, né! É feita de pão!
- Ahh...
- Ô mãe?
- Hum!
- Pão tem rabo?

Além do nome, o prato típico de fim-de-ano ainda traz outra questão não esclarecida:

- Ô mãe?
- O que é, menina!
- Como se faz rabanada?
- Bom, primeiro você pega o pão amanhecido...
- Peraí! Amanhecido?
- É, filha...
- Como assim?
- Amanhecido! De um dia para o outro! Entende?
- Ah, bom!
- Então você passa no leite, no ovo e frita.
- Legal.
- Mas... ô mãe?
- FALA!
- Pão dorme?

Assim que o paladar entra em ação, mais alguns quase mistérios são desvendados. O Natal passa então a ser mais bem compreendido. As 10 mil papilas gustativas da língua, que transformam o sabor em impulsos elétricos que dizem ao cérebro se a comida é boa ou não, auxiliam nossa percepção do mundo de São Nicolau e suas nuances, filosoficamente falando, claro. As incertezas, no entanto são inevitáveis. O complexo sistema da mais festiva das datas é assim, digamos, muito complexo, redundantemente falando.

- Ô mãe?
- Oi.
- Quiquié Chester?
- Chester é uma ave, minha filha!
- Ave que voa?
- Não sei. Acho que não!
- Como assim?
- É tipo uma galinha. Só que bem maior!
- Ahh...
- Você já viu um?
- Eu não!
- Então como é que você sabe?
- Sabe o quê?
- Que ele não voa?
- Ah! Sei lá... ...sabendo!
- Me dá um pedaço?
- Tó!
- Gostoso né?
- É.
- Mas não tem gosto de galinha. É melhor.
- É.
- Parece frango.
- É.
- Mas é melhor.
- Verdade! Acho que é um frango superdesenvolvido.
- Como assim?
- Ah! É um frango saradão, mais forte!
- Humm...
- Mas, ô mãe?
- Quié?
- Frango vai na academia?
- LÓGICO QUE NÃO, NÉ!
- Então como é que ele fica mais forte?
- Sei lá! Acho que o pessoal dá um remédio pra ele tomar?
- Remédio?
- É. Pra ele crescer mais que os outros!
- Humm...
- Mas, ô mãe?
- FALA!
- Chester toma bomba?
- NÃO!!!!
- Mas então como é que...
- CHEGA! CHEGA DESSE ASSUNTO!
- O que foi?
- Chester é Chester e pronto!
- Tá bom, tá bom...! Não precisa ficar brava!
- Não tô brava!
- Então tá...
- Mas, ô mãe?
- Humpf! O que é!?
- Chester é uma ave que chama Chester, né?
- É.
- E Chester não é frango nem galinha, né?
- É.
- Se Chester é uma ave que não é frango nem galinha...?
- FALA LOGO!!
- Será que Chester tem rabo?


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Os sentidos do Natal

Ô Noel? Isso aqui é bala 7Belo!
Por Jotha Santos
Os sentidos do Natal são cinco: Tato, olfato, paladar, visão e audição. É através deles que compreendemos o verdadeiro espírito natalino, a verdadeira magia por trás de uma data tão economicamente festiva. Esta série quase especial será dividida em cinco capítulos. Nela, farei algumas reflexões quase importantes, revelando porque o Natal realmente tem mesmo algum sentido.

O tato é o primeiro sentido que desenvolvemos e por ele nós entendemos as muitas peculiaridades do Natal. Quem nunca na vida levou um tremendo choque ao tocar aquelas inqualificáveis lampadinhas chinesas vendidas em lojas de 1,99, sempre amontoadas da pior maneira possível em caixas de papelão recém despachadas pelo Porto de Santos? É aquele monte de gente puxando uma fieira daqui, outra dali. Uma bagunça geral. Mas é na hora de testar que o tato entra em ação:

- Liga aí, Tião!
- Dzzzzzzzzz!!
- Ôh, fia da mãe!

Outra coisa importante que o tato nos revela sobre o Natal diz respeito à qualidade das bolinhas que enfeitam as árvores, móveis, telhados, soleiras, toldos, pias, maçanetas, cortinas e uma infinidade de outros lugares onde um ser humano já conseguiu pendurar aquelas pequenas esferas coloridas. Quando você pega uma na mão, não adianta, ninguém resiste à tentação de dar aquela conferida pra ver se ela é forte mesmo:

- Ô amigo! Essa bola quebrou!
- Tu aplicou força excessiva no objeto!
- Mas...
- Vai ter que pagar!

É sempre assim. Além de correr o risco de levar um corte que só vai cicatrizar no próximo Natal (data em que você provavelmente vai testar outra bolinha), ainda terá que arcar com os prejuízos. O seu, por estar levando um produto de má qualidade, e o da loja, que só tolera testes de pressão em seus produtos abaixo dos 0,02 quilogramas-força por centímetro quadrado.

Tatear também auxilia as crianças em suas descobertas em relação ao mundo quase perfeito do Papai Noel. Dentro dos shoppings (o novo lar do cidadão em questão), elas olham, olham, e se admiram com tudo aquilo, mas sem o tato não dá:

- Mamãe, mamãe, olha só a neve!
- É minha filha, é neve mesmo!
- Ah! Que droga!
- O que foi?
- Algodão!
- Então olha as renas!
- Plexiglass!
- Então vamos ver a árvore? Legal né?
- Plástico.

A decepção é tanta que os olhinhos da criança só voltam a brilhar quando vê o Papai Noel ali, bem na sua frente, pronto para realizar todos os seus sonhos e finalmente entregar aquele presente que ela tanto queria.

- Ho Ho Ho Ho!
- Qual é o seu desejo, criança? (com aquela voz de Papai Noel, claro)
- Eu queria ganhar uma Barbie 2.0 Turbo Intercooler Combo Ultra Plus!
- Ho Ho Ho Ho Ho Ho!
- Abra as mãos e feche os olhos!

Então a criança fica empolgada. Esse é o seu momento!

- Ô Noel? Isso aqui é bala 7Belo!
- Ho Ho Ho Ho!
- E é só isso que o senhor tem pra me dizer?
- Ho Ho Ho!
- Não sabe falar outra coisa não?
- Ho Ho!
- Tô desconfiada que talvez você não seja o Santa!
- Ho!
- Posso colocar os seus óculos?
- Claro, minha filha!
- Ué?
- Não tem lente?
- Que material é esse?
- PVC...
- Posso então tocar na sua barba?
- Credo! Quê qué isso?
- Fibra vegetal...
- E esse seu cinto?
- Papelão...
- E a bota?
- Napa...
- E essa pança?
- Falsa...
- E a roupa?
- Naycron!


Continua (ou não) na próxima blogada!


quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A Mosca de Banheiro - Parte II

Onde viviam essas mosquinhas antes da existência dos banheiros?
Por Jotha Santos
Após muitos comentários (uns dois) recebidos por causa da minha pequena reflexão sobre as moscas-de-banheiro (entre outras), vamos colocar o assunto novamente em pauta, afinal, a cultura inútil é o que realmente interessa.

Na verdade eu não vou “falar” muito mais sobre o assunto. Em seu ótimo Diário da Tribo , meu grande amigo, pensador, escritor e jornalista científico Fábio Reynol dedicou uma coluna inteira para elucidar toda e qualquer altercação que pairava sobre o mundo das misteriosas mosquinhas-de-banheiro. O texto é tão esclarecedor que mereceu ser republicado aqui no Coluna Livre, na íntegra e sem censura.

Fiquei impressionado e um pouco preocupado com o que li. Primeiro, descobri que sofro de uma patologia grave denominada alucineos díptero psicodídeo insectuns toaletiuns, doença que ataca principalmente o cérebro de pensadores que utilizam o WC como fonte de inspiração para suas observações sobre o sentido da vida. Ela não tem cura (pelo menos enquanto existir banheiro) e como só se manifesta em pessoas que tem o hábito de tomar banho, é extremamente rara.

Uma possível solução para amenizar os sintomas seria tomar banho de água fria, evitando assim a evaporação do cloro impregnado nos azulejos, principal causador das alucinações (leia artigo abaixo), porém, os danos cerebrais causados pela Cândida (ou Qbôa, se preferir), aliadas às altas temperaturas das chuveiradas ao longo dos anos parecem ser irreversíveis. Hoje mesmo eu já vi umas quatro mosquinhas no meu banheiro.

Outra coisa muito me intrigou no estudo publicado por Reynol (lê-se Reinol). Se eu tenho visões de mosquinhas-de-banheiro no meu banheiro é porque estou mesmo doente. Mas se eu puder tocá-las e matá-las com as minhas próprias mãos, isso significa que elas realmente existem, e se elas existem, meu companheiro Reynol disse abertamente em sua coluna que o meu banheiro está sujo! Isso não é verdade! Eu garanto! Podem vir me visitar. Faço questão de mostrar o meu singelo WC. Pequeno, mas limpinho. Só não aconselho um banho quente, pois poderão desenvolver a mesma moléstia deste que vos escreve.

A partir de agora, vou diminuir a dosagem de cloro durante as desinfecções sanitárias em minha casa. As alucinações devem diminuir e, quem sabe um dia, eu até possa contemplar mosquinhas-de-banheiro verdadeiras, reais e com todas as suas formas e tamanhos, assim como o Reynol contempla todos os dias em seu toalete.

A mosca-de-banheiro
Meu amigo Joe Jotha Santos F.C., jornalista profissional e filósofo de responsa, suscitou uma pérola merecedora de inserção nos anais da filosofia contemporânea. Em seu blog
Coluna Livre, Jotha Santos se pergunta por que as moscas de banheiro só são encontradas em seu habitat azulejado do W.C. A preocupação do pensador nos remete a duas outras reflexões ainda mais profundas:


1 – Onde viviam essas mosquinhas antes da existência dos banheiros? e

2 – Qual a qualidade do banho de Jotha Santos se ele usa o tempo de seu asseio em elucubrações entomológicas?

Vamos nos ater à primeira questão, uma vez que a segunda afeta exclusivamente às pessoas de seu convívio, do qual só participo virtualmente por falta de tempo e agora por uma questão aromática.
O importante é que Jotha (lê-se “jota”) suscitou-me esse compêndio que segue abaixo o qual ultrapassa toda e qualquer cultura inútil por ser também irrelevante, inverídico e completamente desnecessário, todos os atributos fundamentais para figurar neste Diário da Tribo.

Então lá vai:

A mosca-de-banheiro
Por Fábio Reynol

A mosca-de-banheiro é uma alucinação coletiva que habita os sanitários domésticos, daí ela pertencer à família dos psicodídeos (ou dídeos que se reproduzem na psiqué humana). O cloro remanescente da limpeza dos azulejos evapora com a água quente do banho e é absorvido pelas fossas nasais do banhista que começa a ter alucinações dípteras psicodídeas.

Antes da invenção do banheiro, a mosca-de-banheiro era chamada de mosca-sem-teto e não atormentava ninguém, uma vez que os banhos (quando havia) eram de cachoeira e a céu aberto, sem paredes nem teto onde elas pudessem se apoiar e sem cloro que os banhistas pudessem cheirar. Elas depositavam seus ovos em assentamentos clandestinos e eram constantemente desalojadas por ordens judiciais de reintegração de posse.

No Brasil, encontramos três tipos principais de alucinação entomológica sanitária: Psychoda alternata, Psychoda cinerea e Psychoda satchelli. O melhor tratamento para essa patologia é parar de lavar o banheiro. Em pouco tempo as alucinações desaparecerão e em seu lugar surgirão moscas reais que botarão seus ovos nos restos de cabelo e matéria orgânica morta depositada nos ralos e encanamentos de esgoto.

Um bom psiquiatra também pode ajudar. Mesmo que ele não livre o seu banheiro das mosquinhas, ele pode auxiliá-lo a se concentrar no banho em vez de ficar pensando sobre a origem da fauna sanitária ou gastar o próprio tempo a escrever despautérios sobre pensamentos alheios absurdos da hora do banho e ainda publicá-los em um blog.


Importante: O Diário da Tribo não se responsabiliza por reações adversas de professores de Biologia que porventura encontrem o texto acima num trabalho escolar.
Foto: Wikipédia

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Perguntas Sem Respostas

Nossa vida está repleta de perguntas sem respostas!
Por Jotha Santos
Acabo de voltar de uma entrevista de emprego. Pra trabalhar como propagandista de laboratório. É isso mesmo. Pra ser aquele "cara chato" e todo engomadinho que sempre entra na sua frente no consultório médico justamente quando chega a sua vez.

Assim que entrei na sala 814 do hotel, me perguntaram: Você é insistente hein? Pelo visto, você quer mesmo entrar para essa empresa não é? Esta foi a segunda vez que eu participei de um processo seletivo para o tal laboratório. Tentei responder, mas só consegui dar um sorriso amarelo e dizer: Estou tentando.

O que me intrigou, no entanto, foi perceber que a nossa vida está repleta de perguntas sem respostas. Ou de perguntas em que a própria resposta está embutida nelas. Ou de perguntas que não deveriam ser consideradas perguntas por não possuir nenhum tipo de resposta. Eu sei. É uma loucura mesmo.

Toda vez que vou tomar banho, por exemplo, fico observando aquelas mosquinhas de banheiro. Por que será que a gente só vê mosquinha de banheiro no banheiro? Parece que ela não vive em nenhum outro lugar. O WC é o seu habitat natural. Eu nem imagino de onde elas aparecem. Pra mim, parece que sempre estiveram lá, no banheiro. E o pior é que elas são bem bobinhas. É fácil matá-las mesmo que você esteja manco das duas pernas. Só não tente jogar água porque não vai funcionar. Elas são à prova d’água. Mesmo que você as jogue dentro do vaso, não adianta. Só morre esmagando.

A pergunta é: Mosquinha de banheiro só vive mesmo no banheiro ou pode ser encontrada em outro lugar? Eu nunca vi. Não vi sequer um “parente” próximo dela, que se pareça pelo menos um pouco com ela, com aquelas asas meio ovaladas e corpo aveludado.

E o porta-luvas então. Porque será que aquele compartimento que todo carro (ou quase todo) tem se chama porta-luvas? Pode procurar. O que você menos vai encontrar em um porta-luvas é a tal da luva. Alguém pode dizer: Ah! Antigamente as mulheres usavam luvas! É verdade, eu concordo, mas e hoje em dia? O porta-luvas só serve para guardar um monte de traquitanas. E as mulheres substituíram a delicadeza das luvas pelo pezão em cima do painel. Ôh mania que mulher tem de colocar os pés no console do carro. Pode reparar. É um festival de frieiras, joanetes e unhas encravadas enfeitando os painéis que custaram uma grana preta e meses de trabalho entre projeto e fabricação. Imagine só uma mulher dessas usando luvas! Só se for de boxe.

Outra coisa que sempre me encasqueta também é quando alguém faz pavê como sobremesa e aí sempre aparece aquele mané que diz: “É pavê ou é pacomê? É o tipo de pergunta que além de não ter uma resposta lógica, irrita profundamente. No campo da idiotice, aliás, a gama de perguntas sem respostas é infinita, como por exemplo, por que os pilotos kamikazes usavam capacetes e por que pijama tem bolso se você não guarda nada nele enquanto dorme.

Não adianta procurar a resposta. E mesmo que você encontre, outra pergunta fica: E daí? Esta é a prova de que o nosso mundo é mesmo cheio de enigmas indecifráveis e incompreensíveis. Na maioria das vezes, nós vivemos indiferentes ao caos das perguntas sem respostas, tocamos nossas vidas sem reparar na riqueza dos mistérios que nos cerca.

Tudo bem que querer saber onde o Super-Homem guarda suas roupas quando se troca na cabine telefônica não é a coisa mais importante do mundo, mas observar as situações com um olhar curioso nós traz uma percepção um pouco mais racional e lógica dentro de um mundo tão irracional e ilógico. Questões aparentemente inúteis, muitas vezes, escondem significados importantes e se perpetuam através dos tempos, como o “ser ou não ser” de Shakespeare ou ainda a dúvida que paira sobre a ordem de nascimento do ovo e da galinha.

É certo que ninguém poderá encontrar respostas para tudo, como ainda não encontrou, mas nós simplesmente não podemos ignorar por que o banco cobra juros do cheque sem fundo que eu emito se eles sabem que eu não tenho fundos; ou por que o computador pede para apertar qualquer tecla para continuar quando não há nenhum teclado instalado. São coisas cotidianas que escondem os “verdadeiros mistérios da vida”, só para usar uma expressão mais cientifica e moderna.

Se você acha que toda essa reflexão não tem sentido nenhum, procure entender por que o Tarzan estava sempre barbeado e por que um minerador precisa saber o significado da palavra pneumoultramicroscopiscossilicovulcanoconiótico. É coisa de louco!

sábado, 3 de novembro de 2007

Casa do pai Orkut

São traições de todos os tipos e em todos os níveis.
Por Jotha Santos
Peço desculpas aos meus inúmeros seis leitores que acompanham com avidez e sede de conhecimento da nossa rica cultura inútil por tão longo hiato. Acontece que, como bom jornalista fracassado que sou, não consegui atualizar esta humilde coluna com a freqüência que gostaria. Na última quinta-feira eu até que tentei, mas uma forte chuva interrompeu temporariamente o abastecimento de energia em meu bairro, ou seja, popularmente falando, caiu a força. A culpa foi da CPFL, eu juro!

E não foi só isso. Você conhece algum escritor na face da terra que ainda usa Internet discada? O famoso IG? Pois é. Esse é o meu caso. Nem São Bill Gates dá jeito. Dá tanto problema que desanima. A conexão cai toda hora, tudo passa mais devagar, tão lento quanto uma corrida de tartarugas aleijadas. E quando as pessoas me perguntam:
- E aí, você viu aquele vídeo no YouTube? Respondo como o personagem de Drauzio Varella em Estação Carandiru:
- “Sem chance”!

Mas não dá pra ficar só me lamentando. Mesmo que precariamente, ainda consigo manter contanto com a grande rede mundial de computadores. A mãe, o pai, a avó e a tia de todas as mídias. Ainda tem muita gente nesse mundo que jamais viu um teclado, um mouse e não faz a menor idéia de quem seja o tal de Orkut. Não sei se isso é bom ou ruim, antropologicamente falando, claro.

Aliás, nós já sabemos que o Orkut é uma ótima ferramenta para reencontrar velhos amigos, fazer novas amizades, participar de comunidades e debater os mais diversos assuntos da vida cotidiana, porém, uma outra função menos nobre, e por isso mesmo, mais interessante, tomou conta da famosa página de relacionamentos: Descobrir traições.

E são traições de todos os tipos e em todos os níveis. Amigos, colegas de trabalhos, primos, filhos, enfim, qualquer pessoa. Mas o que mais atrai mesmo são as traições entre casais. Mulheres que colocam disfarces (às vezes apenas modificando o nome) e se relacionam com pessoas que o marido ou companheiro nem faz idéia de quem seja. Homens que enchem o álbum de fotos com outras mulheres “maravilhosas” que, com certeza, jamais serão apresentadas as suas esposa. Adolescentes que revelam seu amor incondicional por garotos já comprometidos e vice-versa. É quase um convite ao crime passional.

O pior de tudo isso é que muitas famílias são destruídas pelos tropeços despudoradamente escancarados no site. Os maridos, mulheres, noivos e noivas, namorados e namoradas parecem se esquecer de que suas vidas (e suas traições) serão expostas ao mundo todo. Mas pensar assim seria ingenuidade demais da minha parte. Não posso deixar de citar aqueles que querem e preferem expor suas vidas dessa maneira para que o outro saiba que ele (ou ela) não é mais a pessoa mais importante da sua vida. E olha que saber que sua companheira ou companheiro não divide mais os lençóis apenas com você via Orkut não deve ser nada agradável.

Assim é muito mais fácil, prático e descomplicado, como tudo na Internet. É a revolução. É a tecnologia a favor do homem. É a tecnologia a favor dos traidores. Agora não é mais preciso chegar em casa com a cara deslavada e ter que enfrentar o outro. Basta ir a uma lan house, se cadastrar no Orkut, escrever umas declarações ridículas de amor, colocar umas fotos daquela viagem ao Rio de Janeiro (que o outro pensava ser um congresso de cabeleireiros) e pronto. É só aguardar. Em pouco tempo seu marido ou esposa ficará sabendo de tudo pelos amigos que adoram garimpar essas coisas na Internet (ou ele mesmo vai dar de cara com a foto que supostamente seria do congresso) e aí já está feito.

Nem é preciso abrir a boca. Da cara deslavada, provavelmente não vai dar pra escapar, mas se tudo der certo e ninguém estiver te esperando com uma faca de cozinha na mão atrás da porta, na melhor das hipóteses, você vai ouvir algumas verdades e um monte de besteiras e palavrões enquanto faz as suas malas. Num futuro próximo, terá que levantar um dinheirinho extra com o seu amante para pagar um bom advogado. Nem dá mais tanto trabalho como antigamente. Ah! Esse Orkut! Que maravilha.

Assim como na Casa da Mãe Joana, o Orkut também é um lugar onde vale tudo, sem fé, sem lei e sem ordem. Tudo pode. Tudo é possível. Não tem essa de lé com lé, cré com cré. É lé com cré, cré com lé, lélé com crécré e lélélé com crécrélé. A bagunça é geral. Nem eu estou entendendo mais nada. O mais importante mesmo é que o Orkut traz lucros enormes, como lá na casa da mãezona, ainda que seja às custas da desgraça alheia. Mas em pleno século XXI, na era da modernidade, isso pouco importa, pois é disso que o capitalismo é feito. É a casa do Pai Orkut.

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